Vai saber: nova newsletter da Maria Bitarello
Um pouquinho de cada coisa, uma história de cada vez.
Eu sobretudo escrevo: sou cronista por vocação, jornalista por formação, tradutora por sina e editora por temperamento – mas gostaria mesmo é de ser uma puta baixista. Vivo em São Paulo, onde escrevi três livros que já foram lançados e integro a Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona desde 2015. A gente já deve ter se cruzado em algum desses campos da vida.
Para inaugurar esse novo espaço de comunicação direto com você, compartilho material do meu mais novo espaço na Revista Philos, a coluna Gaveta Azul. Abaixo estão as quatro primeiras publicações.
O legal da newsletter é que ela é lenta, nada urgente. Ela só vai chegar uma vez por mês ou a cada dois meses e você pode ler o quanto quiser, na ordem que quiser, se quiser e quando quiser. Dá para salvar para ler depois, dá para compartilhar com quem você achar que pode se interessar, dá para clicar em cada texto e se aprofundar mais como também dá para não clicar em nada, ficar só nas pequenas pílulas que vêm aqui no texto do email. O que você vai encontrar é material no qual estou trabalhando ou já trabalhei, publicados recentemente ou há mais tempo. Minha praia são as crônicas, mas de vez em quando vai pintar outro gênero ou então alguma das minhas séries fotográficas, meu trabalho com a música ou com teatro. Um apanhado de material que você também encontra no mariabitarello.com.
Se você gostar do que encontrar aqui e quiser continuar recebendo meus emails, não precisa fazer nada: você já está na lista. Se não estiver afim, sem grilo: é só clicar aqui que você já não receberá a próxima. Por outro lado, se recebeu esse email de uma pessoa conhecida mas ainda não é assinante, basta clicar aqui ou me seguir diretamente no Substack. E por fim, se pensar em alguém que gostaria de receber essa correspondência, por favor não hesite em passar para frente, é só encaminhar o email.
E mês que vem tem mais! Espero te reencontrar por aqui!
Até já,
Maria Bitarello
‘A gente está sempre saindo de casa’
Para nós, esquisitos do mundo, pessoas não normativas, artistas ou não, a verdade é que o anonimato de São Paulo nos protege. E esse hábitat urbano e hostil à primeira vista apresenta condições mais que propícias para se viver em modo de aprendizado perpétuo e perene, além da probabilidade elevada de que ocorram aqui os encontros mais mágicos e transformadores de nossas vidas. A nós cabe apenas reconhecer essas oportunidades e lhes dizer sim. É, eu diria, a vocação de São Paulo, o que ela tem de melhor. Qui se ressemble, s’assemble, quem se assemelha, se junta – mesmo gente muito diferente uma da outra. No Teatro Oficina, onde encontrei meu povo, sei que tudo isso é verdade há 67 anos – e que esse teatro não seria possível em outro lugar. Desde 1958, a Rua Jaceguai 520 é o axis mundi de muita gente que não tinha um.
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A alegria é subversiva: veja a série fotográfica completa
Casa na praia
O povoado, a praia, o rio. Um pequeno trajeto de balsa até lá. Gente fazendo a travessia cotidianamente. Havia internet, mas a sensação era de bolha, de isolamento. O mar tocava o horizonte infinito. O céu inteiro. As profundezas das águas, a salgada e a doce. A faixa de areia, nunca percorrida até o fim. A extensão do mangue e suas raízes – aparentes quando a maré descia; submersas, quando subia. Pássaros, frutas, gatos, camundongos, cachorros, aranhas, besouros, formigas, peixes, lagartixas, siris, pernilongos. A mata fechava-se em torno da casinha em diferentes texturas e tons de verde, marrom e amarelo. A umidade. As nuvens. As chuvas.
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“Vermelho-Terra”: excertos
Mesmo tantos anos depois, os fragmentos de memórias que tenho de Ketu ainda me tomam de assalto, no meio da noite ou do dia. As lembranças parecem incrustadas em meu corpo, e o mínimo sacolejo no ritmo certo pode ser suficiente para fazê-las bailarem diante de mim. E, para que não adormeçam novamente ou simplesmente voem para longe, eu as escrevo. Para que aterrem no solo vermelho.
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Iya Shango: veja a série fotográfica completa
A bondade de estranhos
Em 2013, caminhei 220 km em 10 dias, percorrendo a distância que separa Braga, na região do Minho, no norte de Portugal, de Santiago de Compostela, na Galícia, no noroeste da Espanha. Eu tinha 30 anos. Segui uma das múltiplas rotas possíveis para Santiago tomando estradas de chão em zonas rurais, trilhas pedregosas sobre a montanha, íngremes declives pavimentados, beiras de estradas asfaltadas em periferias urbanas e, por fim, os paralelepípedos milenares que conduzem até a Basílica de Santiago de Compostela.